Era uma tarde abafada de um domingo irrespirável. Porto Alegre urrava olhando o céu na esperança de que aquela nuvenzinha branca se satura-se e com gotas refrescantes nos batizassem com o alívio de uma abençoada chuva de verão.
Saudades de ver os cachorrinhos correndo com as crianças no parque, caindo na lama, berrando os seus 'Maii-nheeê!!!', cisnes se esganiçando no lago, o cara da caixa de isopor soprando a corneta mais desafinada deste lado do universo, casais namorando, namoradas flagrando namorados com a amante, namorados registrando um BO por agressões desferidas por sua namorada. .. Enfim, gente alegre e disposta à torrar nos belos fíndes mormacentos de PoA.
Num cenário assim, lembro-me que me revirava no sombra de um ipê, sem camisa e já com a cuca fundida pelo calor absurdo me aproximei dos gansos histéricos e quaze dando aquele mergulho digno do ouro olímpico pensei alto 'Ahh, que saudades do mês de julho. ..', um casal que tava perto se afastou pra não presenciar o suicídio de um maluco que fala sozinho olhando alucinado pra um bando de gansos esparrentos.
Ahh, que saudades do mês de dezembro. ..
